Sua Introdução no Brasil

O Sargento - Mór Francisco de Melo Palheta no ano de 1.727 foi chamado para mediar conflito entre as Guianas Holandesa e Francesa. Palheta conseguiu solução que atendeu a contento as duas colônias, tornando-se muito amigo da esposa do então governador da Guiana Francesa, Madame Claude D'Orillers, que o presenteou com um grande vaso de plantas ornamentais. Escondida entre outras plantas, a amiga de Palheta colocou algumas mudas de cafeeiro.

Retornando a Belém do Pará, Palheta plantou as mudas, iniciando a história do maior produtor mundial de café.

A partir de Belém o café migrou para o Maranhão e estados vizinhos, chegando à Bahia em 1.770. Em 1.774, a cultura alcançou o Rio de Janeiro e, posteriormente, São Paulo e Minas Gerais, por volta de 1.825 chegou à região de Campinas e Ribeirão Preto, entre 1.835 e 1.840, caminhando para o Oeste Paulista, Alta Paulista e Alta Sorocabana, em 1.920

A Cafeicultura do Passado

A cafeicultura do passado caracterizou-se pela tradição nômade, pois as lavouras eram plantadas somente em solos férteis, cultivadas até o esgotamento destes. No entanto, a constante procura por novas terras de alta fertilidade fez do café uma cultura social por excelência, promovendo a formação de cidades, fixando mão-de-obra, atraindo empresas de comércio e prestadoras de serviços, gerando, enfim, riqueza. Assim aconteceu no Oeste Paulista, Norte de Paraná, Alta Paulista, Mogiana, Zona da Mata Mineira e Sul de Minas.

A Cafeicultura Atual

Incorporando tecnologias diversas, visando o controle e a alteração de fatores que influenciam o processo produtivo como, por exemplo, a correção do solo, a cafeicultura atual deixa de apresentar identidade nômade, pois pode se fixar em solos empobrecidos. Portanto, solos férteis deixam de ser o requisito básico para escolha das áreas de cultivo.

Com o desenvolvimento das técnicas de mecanização, áreas com topografia plana passam a ser preferenciais. Inicia-se, também, movimento de fuga das regiões sujeitas às geadas, sendo o rumo indicado a região de Franca, o Alto Paranaíba, o Triângulo Mineiro.

Compreende-se que os novos requisitos básicos para a escolha das áreas de plantio são as condições climáticas e topografia. Além disso, a somatória de diversos fatores que compõem o desenvolvimento tecnológico, como a correção de solo, controle fitossanitário e irrigação, entre outros, apresenta como resultado natural a alta produtividade, que pode ser traduzida como a conjunção da maior eficiência das operações que compõem o processo produtivo com a atenuação dos riscos a que o empreendimento está sujeito.

A Moderna Cafeicultura

Pode-se denominá-la como cafeicultura empresarial, pois o controle eficiente dos fatores passíveis de interferência do homem passa a ser determinante, incluindo-se o domínio pleno da fisiologia da planta e maior precisão na interpretação de dados meteorológicos.

Além disso, o conhecimento do mercado e adoção de políticas estratégicas passam a ter muita importância na moderna cafeicultura.

A Cafeicultura no Cerrado

Inicialmente como rota de fuga das geadas, apesar da baixa fertilidade comparativa às terras do Norte do Paraná e São Paulo, o Cerrado Mineiro atraiu os cafeicultores pelos baixos preços de aquisição das terras, pela topografia plana e por programas de incentivos oferecidos pelo governo para alavancar o desenvolvimento da região.

Em fins de 1.972 o Cerrado foi reconhecido como região cafeeira pelo extinto IBC - Instituto Brasileiro do Café, propiciando condições para investimentos em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias.

Diversas cooperativas de produtores de tradicionais regiões cafeeiras se instalaram, além da formação de diversos núcleos locais, possibilitando a expansão da cafeicultura.

Com a extinção do IBC no início da década de 90, conjugando-se com sucessivos e perniciosos planos econômicos no Brasil, a cafeicultura sofreu pesados golpes.

Foi nesse momento que grupos de cafeicultores foram se aglutinando, cada qual em sua região, com o objetivo de se organizarem política, técnica e mercadologicamente. Percebeu-se que num momento de excesso de oferta a alternativa seria conjugar qualidade do produto e custo de produção perfeitamente controlado.

Café do Cerrado

Com a formação de associações de cafeicultores em Araguari, Patrocínio e Carmo do Paranaíba percebeu-se o extraordinário potencial da região. Novas associações foram surgindo, culminando com a fundação do CACCER - Conselho das Associações dos Cafeicultores do Cerrado. A partir do sentimento pragmático que se insere na filosofia do CACCER, foi criada a marca "CAFÉ DO CERRADO", que, além de identificar a região produtora, insere o conceito de alta qualidade, hoje, plenamente reconhecida.

O diferencial qualidade passa a ter maior relevância se aliado a um certificado de origem, garantindo a procedência do produto. A partir da safra 98/99 o Cerrado Mineiro, região demarcada que abrange 48 municípios, será a primeira região produtora de café do Brasil que poderá atestar procedência, através do Certificado de Origem, e qualidade, através do selo "CAFÉ DO CERRADO".

Assim o "Café do Cerrado" é a síntese da Moderna Cafeicultura, inovadora ao utilizar-se da mais alta tecnologia em harmonia com o meio - ambiente para produzir a mais refinada bebida.

Variedades

A primeira variedade de coffea arábica foi cultivado no brasil. Importada da guiana francesa em 1727. Apesar de apresentar sementes de boa dimensões é pouco rústica e tem produção muito baixa em comparação com outras variedades.

Outra variedade conhecida é o bourbom vermelho, importada por volta de 1864. Estendeu-se inicialmente na região de ribeirão preto. E mais produtiva que a variedade nacional.

O café da variedade sumatra veio da ilha de sumatra em 1896. Sua altura é bem maior que a da variedade nacional. Entretanto, sua cultura, não se mostrou promissora.

Em 1871 descobriu-se em são paulo a variedade amarelo de botucatu. A variedade maragogipe é uma variedade brasileira encontrada provavelmente, em 1870, na bahia. Seus frutos e sementes são bem maiores que os do nacional, porém a produção é sempre menor.

A variedade moka apresenta um arbusto de forma cônica. Frutos são esféricos e pequenos. A qualidade da bebida é considerada muito boa.

É bastante semelhante nacional, todavia, o tecido da semente é amarela, ao invés de verde. A bebida é de ótima qualidade, devendo , para não haja discrepância na qualidade.

A variedade coffea arábica, denominada laurina, é pouco produtiva; entretanto é uma das variedades com menor percentagem de cafeína, tem importância no melhoramento genético.

As variedades caturra vermelho ou amarelo são procedentes do espírito santo. Entretanto, sua origem deve ser minas gerais. Seu vigor é relativo e as elevadas produções o esgotam em pouco tempo. Os frutos e sementes são iguais aos do bourbom.

O mundo novo surgiu em 1943, no município de novo mundo, hoje urupes, no estado de são paulo. Seleções foram realizadas pelo instituto agronômico, de campinas, e suas linhagens são altamente produtivas. Atualmente, as linhagens da variedade mundo novo são as mais cultivadas no brasil.

O catuaí, obtido pelo cruzamento entre o mundo novo e o caturra, apresenta um porte intermediário entre aquelas variedades. Trata-se de um híbrido já em fase de implantação. É mais produtivo e mais rústico que o caturra.

Coffea arábica

As regiões de cerrado utilizadas para cafeicultura, foram zoneadas para o cultivo da espécia coffea arábica.

Atualmente, as variedades mais cultivadas desta espécies são mundo novo catuaí, na proporção de aproximadamente 55% de mundo novo e 45% de catuaí.

Na indicação de variedades e linhagens selecionadas é importante considerar a sua boa adaptação e produtividade nas condições ecológicas regionais. Além disso, outras características agronômicas importantes na sua utilização são: a maturação dos frutos, arquitetura e porte das plantas e à tolerância às pragas, doenças e deficiências.

Diante desses aspectos, mundo novo e catuaí são atualmente as variedades comerciais de café arábica recomendadas, sendo que, para a escolha das linhagens mais adaptadas, deve-se levar em conta as informações obtidas nas estações experimentais mais próximas e em condições semelhantes da área de plantio do cafezal.

Catuaí

A altitude o clima, são consequentes, a maturação dos frutos e a intensidade de ataque da ferrugem. Deste modo, em regiões abaixo de 700 metros, onde a maturação dos frutos é precoce e mais uniforme, e os ataques da ferrugem são mais intensos, a variedade catuaí seria preferencialmente recomendada. Em altitudes superiores a 700 metros; pode-se cultivar as duas variedades em proporções iguais. Em altitude superior à 900 metros , a maturação dos frutos da variedade catuaí normalmente é tardia e heterogênea. Nestas condições, deve-se plantar em maior proporção, linhagens da variedade mundo novo tendo-se o cuidado de efetuar uma boa proteção contra ventos.

Mundo novo

Nas áreas de cerrado predomina atualmente o plantio da variedade mundo novo. Entretanto, com o advento da colheita mecânica e a dificuldade de mão-de-obra para a colheita esta tendência está se modificando. A grande desvantagem da variedade mundo novo é o seu porte elevado, que exige a utilização de escada para a colheita manual e poda para redução da altura (decote) visando a colheita mecânica. Ora considerando-se a época e característica de maturação dos frutos, bem como a com formação da planta (mais aberta e arejada). A variedade mundo novo se adapta melhor a colheita mecânica principalmente nas regiões de altitudes mais elevadas, onde a maturação dos frutos é desigual e tardia.

A variedade catuaí emite menor número de ramos ortotrópicos(ladrões) comparativamente ao cultivo mundo novo, neste se tornando maior a necessidade de desbrotar.

Nos plantios adensados, ocorre interação entre linhagens e espaçamento na variedade mundo novo, logo linhagens com crescimento rápido e vigorosos devem ser evitados nos plantios com alta densidade de plantas por área.

A variedade catuaí deve ser evitada em plantios adensados nas regiões onde a maturação dos frutos é tardia.

Novas variedades tem sido desenvolvidas e estão sendo estudadas visando a seleção de plantas produtivas e com resistência a ferrugem e/ou nematóides.

Algumas destas variedades apresentam características agronômicas desejáveis, e estão sendo utilizadas em pequenas escalas, podendo dentro de poucos anos, passar a ser utilizados em plantios comerciais nas regiões onde a presença de nematóides inviabiliza o plantio das variedades tradicionais onde a ferrugem é bastante séria.